O boto-cinza, espécie icônica retratada na bandeira do Rio de Janeiro, está em risco de extinção. Contudo, um grupo de biólogos marinhos trabalha incansavelmente para salvar a espécie.
Em 2009, o Dr. Leonardo Flach, biólogo marinho também conhecido como Leo, fundou o Instituto Boto Cinza, uma organização destinada a proteger 150 botos-cinza. Nativo das águas sul-americanas — que se estendem de Honduras ao sul do oceano do Atlântico —, é raro ver essa espécie de golfinho em grandes grupos, exceto no Parque Estadual Cunhembebe, onde o Dr. Flach trabalha.
Estudar o boto-cinza é uma tarefa importante na vida de Leo. Ele explica que, no passado, era difícil monitorar ou rastrear esses animais que vivem em regiões costeiras e, geralmente, poluídas do oceano.
Os pescadores falavam sobre animais doentes ou mortos, inclusive alguns que eram pegos nas redes de pesca, mas alguns desses relatos eram feitos presencialmente, quando era tarde demais para agir, enquanto outros não conseguiam pagar por uma ligação para entrar em contato com o Instituto. Leo enfatiza a importância de receber essas informações pontualmente para que ele possa examinar os animais e, possivelmente, identificar as causas da morte dos golfinhos e como protegê-los.
Tudo mudou em 2016, quando o Instituto começou a usar o WhatsApp.
Além de obter informações por grupos de pescadores, marinheiros e outros especialistas muito mais rápido, Leo passou a receber fotos e vídeos que serviam como evidências indispensáveis para guiá-lo no projeto em que o tempo é crucial.
Thais Marinho, bióloga do Instituto, lembra que organizar esses grupos no WhatsApp não foi fácil. Além de divulgar o WhatsApp da organização com folhetos, ela andava pelas ruas das cidades costeiras conversando e convencendo os pescadores a participarem dos grupos.
Atualmente, quase 100 pessoas compartilham informações sobre os golfinhos com o Instituto pelo WhatsApp.
Leo explica que, como o aplicativo é fácil e simples de usar, a organização agora protege uma área muito maior do que antes. As informações recebidas em tempo real direto do mar os levaram a novos avanços na pesquisa sobre a espécie e seus hábitos, e o mais importante: os efeitos que o ambiente tem sobre a saúde do boto-cinza.
A escala e o impacto da organização ficaram evidentes em 2018, quando vários golfinhos foram encontrados mortos ao longo da costa. A equipe de Leo pôde investigar as causas da morte mais eficientemente, já que quase todos os pescadores e marinheiro que eles conheciam monitoraram os golfinhos adoecidos e os saudáveis e compartilharam as informações com o Instituto via WhatsApp.
Por mais de um século, o boto-cinza é considerado o símbolo da cidade maravilhosa. Agora, com a ajuda do WhatsApp, a vida desses golfinhos está mais segura e a comunidade que ajuda a protegê-la está mais conectada.